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Foto: Blog da L&PM Editores
EDUARDO GALEANO
( URUGUAI )
Nasceu em Montevideo, em 1940.
Em sua cidade natal foi chefe de redação do Seminário “Marcha” e diretor do diário “Época”.
A partir de 1973, esteve exilado na Argentina, onde fundou e dirigiu a revista “Crisis” e depois em Espanha. No começo de 1975 e 1978.
Galeano ganhou em Havana ganhou o prêmio Casa de las Américas. Em 1989, obteve o American Book Award (Washington University, USA).
TEXTOS EN ESPAÑOL
GALEANO, Eduardo. Las palabras andantes. 2ª. edição. Con grabados de J. Borges. Realización de la carátula: Henry Cortazzo. Montevideo: Ediciones del Chanchito,
1999. 316 p. No. 10 462 ISBN 9974-620-12-0.
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
Ventana sobre el tempo
En Catamarca, enero es tiempo de tejer.
En febrero aparecen las flores delicadas y las fajas
coloridas. Los ríos suenan, hay carnaval.
En marzo ocurre la parición de las vacas y las papas.
En abril, tiempo de silencio, crecen los granos de maíz.
En mayo, se cosecha.
En los secos día de junio, se prepara la tierra nueva.
Hay fiesta en julio, y hay bodas, y los abrojos del Diablo
asoman en los surcos.
Agosto, cielo rojo, es tiempo de vientos y de pestes.
En la luna madura, no en la luna verde, se siembra en
setiembre.
Octubre suplica a Dios que suelte las lluvias.
En noviembre la vida celebra.
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Ventana sobre los seres y los haceres
Es lisa la piel de la planchadora.
Largo y puntiagudo es el arreglador de paraguas rotos.
La vendedora de pollos parece un pollo desplumado.
Brillan demonios en los ojos del inquisidor.
Hay dos monedas entre los párpados del usurero.
Los bigotes del relojero marcan las horas.
Tienen teclas las manos de la funcionaria.
El guardiacárceles tiene cara de preso y el psiquiatra,
cara de loco.
El cazador se transforma en el animal que persigue.
El tiempo convierte a los amantes en gemelos.
El perro pasea al hombre que lo pasea.
El torturado tortura los sueños del torturador.
Huye el poeta de la metáfora que encuentra en el espejo.
TRADUÇÕES EM PORTUGUÊS
Janela para o Templo
Em Catamarca, janeiro é tempo de tecer.
Em fevereiro, flores delicadas e faixas coloridas aparecem.
Os rios murmuram; há carnaval.
Em março, nascem os bezerros e as batatas.
Em abril, tempo de silêncio, os grãos de milho crescem.
Em maio, a colheita acontece.
Nos dias secos de junho, a nova terra é preparada.
Em julho, há festas, casamentos e os espinhos do Diabo aparecem nos sulcos.
Agosto, com seus céus vermelhos, é tempo de ventos e pragas.
Em setembro, a semeadura acontece durante a lua cheia, não a lua verde.
Outubro implora a Deus que libere as chuvas.
Em novembro, mandam os mortos.
Em dezembro a vida celebra.
Uma Janela para os Seres e os Atos
A pele do passador de roupas é lisa.
O consertador de guarda-chuvas é alto e pontudo.
A vendedora de frangos parece um frango depenado.
Demônios brilham nos olhos do inquisidor.
Duas moedas estão entre as pálpebras do usurário.
O bigode do relojoeiro marca as horas.
As mãos do funcionário público têm chaves.
O guarda da prisão tem o rosto de um prisioneiro, e o psiquiatra, o rosto de um louco.
O caçador se transforma no animal que persegue.
O tempo transforma os amantes em gêmeos.
O cachorro passeia com o homem que o passeia.
O homem torturado tortura os sonhos do torturador.
O poeta foge da metáfora que encontra no espelho.
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http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/uruguai/uruguay.html
Página publicada em novembro de 2025.
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